sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A hora da visita

Sentada sob uma mala velha
Ela observa ao longe
Na espera aflita de alguém que nunca chega.
Ela não desanima, embora esteja nitidamente cansada e sem ânimo.
Por vezes levanta caminha de um lado para o outro.
Como se a cada passo a aproximasse do seu destino.
Ela abre sua mala e encontra um pedaço de pão enrolado num pano branco .
Senta-se na mala e mastiga o pão como se estivesse mordendo a própria carne.
Como se o alimento lhe rasgasse as entranhas e suprisse uma necessidade não de fome fisica.
Mas de carências afetivas.
Escuta ao longe o barulho do trem levanta apressada.
Guarda o que sobrou do pão e retira um chale de dentro da mala.
Ela caminha até o centro do palco , encara a pláteia
Emocionada entre sorrisos e lágrimas e diz:

Seja bem vindo.
-Não fique parado ai dê cá um abraço.
Esperei tanto por sua chegada.
(pausa)

(Num tom mais severo e afobado)
Pode entrar a casa é simples mais é limpa.
Até parece que você está acostumado ao luxo.

Gentil e misteriosa:

(Com um sorriso amistoso)

Como é seu nome?
O meu é Marta, Marta da Silva.
Igual a minha avó, você já deve ter ouvido falar nela...a famosa....(Desculpa , deixa isso para outra hora)
Já falei muito de mim quero saber mais de você.
Como assim , não sabe falar de si.
onde já se viu isso.
Falando ,falando assim ora, estou dando a oportunidade da espontaneidade.
Tão dificil hoje em dia isso o E.S.P.O.N.T.A.N.E.O

Olha meticulosamente com o quem avalia de cima a baixo.

Que idade você tem?
(em dúvida) Eu sou péssima para advinhar essas coisas
se eu soubesse não teria perguntado.

Esperei tanto por você que perdi a noção do tempo
25? 26 anos?
Também isso não importa......
O que conta é que você chegou a tempo, não faz idéia da minha aflição.
Eles já estão perto de chegar .
Você viu algo suspeito no caminho?
Pare com esse barulho todo rapaz
Silêncio , eles estão voltando.
Venha sente-se aqui comigo e finja ler esse jornal.
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